terça-feira, 30 de junho de 2015

Loucuras da vida (PARTE VII)

Levantei-me do chão, e só então me dei conta de que estava ali sozinha, uma sensação estranha para quem morava sozinha há alguns anos.
Dei-me conta também de que a Julia não me ligou, e então me dirigi ao telefone.
-Alô Lice?
-Oi Ju, desculpe, pela demora, mas já adianto esta tudo bem na medida do possível.
-Pra ser bem sincera, eu tentei-te ligar umas 15 vezes no celular, se você olhar lá você vai ver.
-Desculpe, mas eu nem tirei meu celular da bolsa, para falar a verdade ele deve estar em modo avião até agora, e por aqui acabou que não deu tempo de pensar em te ligar até agora.
-Ok, mas e ai quer me contar o que houve?
E então eu contei tudo para a Julia, que me ouviu atentamente, e só quando terminei ela disse:
-‘’miga’’ isso esta parecendo até um filme, caraça! Eu não sei o que dizer, nem o que pensar, e se estou assim imagine você!Aaaaaa(ela disse gritando)- posso te adiantar com toda certeza, não sou eu a pessoa que ficou passando a ele as informações ta, bom eu esclarecer, você sabe que não fui eu, não sabe?
-Olha Ju levando em consideração todas as suas atitudes de surpresa, desde o dia da nossa viagem até agora eu sei que não é você, porque você é boa em muitas coisas, mas não é boa atriz, você não saberia mentir para mim!Você não sabe mentir para ninguém!
-Ufa!! Ser sempre sincera tem suas vantagens!
Rimos, conversamos mais algum tempo, e então decidimos que íamos tomar café da manhã em uma padaria no centro e conversaríamos mais pessoalmente no dia seguinte.
Levantei-me e fui até o quarto de hóspedes onde o Lê esteve dormindo todos esses dias, e vi no criado mudo, um óculos de grau, me aproximei, peguei, coloquei nos olhos, tinha alguns graus considerável, imaginei-o com ele, sorri, e então percebi que o cheiro da colônia dele estava ali impregnado, e ai me dei conta de que eu estava feliz por ele estar de volta eu só não queria me machucar de novo.
Fui até meu quarto, peguei meu notebook, liguei e enviei uma mensagem:
‘’Oi Lê, acabei de encontrar seus óculos no quarto de hospedes, eu não sei qual a necessidade deles para você, de qualquer forma vou deixa-lo na portaria amanhã pela manha quando eu sair, então se precisar só vir buscar.
Clarice’’
Foi o tempo de eu pegar um copo de água e voltar e havia uma resposta:
‘’Oi Lice, você não imagina  como meu coração disparou ao ver sua mensagem, mas era só para me dizer dos óculos! Ok agradeço, quanto a isso não se preocupe, ainda sou o mesmo desorganizado de sempre, e por conta disso acredite, tenho mais dois óculos, na bolsa, na verdade estou até com um agora,e acredite nem havia me dado conta que havia esquecido um ai, só me lembro de todos eles quando acabo ficando sem nenhum(risos).
Mas isso significa que você foi até o quarto verificar se ficou tudo ok, ou seria um ímpeto de saudade, espero ser pelo segundo motivo, mas caso seja pelo primeiro, tomara que eu na minha distração não tenha deixado tudo desorganizado, ou sujo.
Vê se me liga, estou com saudades! Estou com saudades há 10 anos!
Lê’’
Sorri  ao terminar, e percebi que ele ainda era o mesmo esquecido de sempre, mas não esqueceu de mim, fui tomada por felicidade.
Tomei água, escovei meus dentes, joguei a mala semiaberta no chão, e deite-me, rolei de um lado, rolei para outro, mas não aguentei, e foi no quarto de hospedes que eu adormeci, dormindo na mesma cama, com o mesmo travesseiro que ele havia dormido todos esses dias, sentido o cheiro dele.
Na manhã seguinte ao acordar, demorei em sair dali, por um instante via que essa era a forma de estar mais perto do Lê naquele momento, e pensei que poderia tê-lo deixado dormir aqui, depois pensei de novo que não teria sido boa ideia.
Deixei os óculos na portaria conforme disse que deixaria, e fui caminhando até a padaria, quando cheguei encontrei com a Ju, já na nossa mesa de praxe.
-Bom dia!
-Oi bom dia gata borralheira! E ai conseguiu dormir?
-Na verdade não e sim! Não na minha cama, mas sim na cama do quarto de hospedes!
-Não acredito! Por quê? (ela me perguntou revirando os olhos, enquanto isso a garçonete veio nos servir e e ela continuou – Tomei a liberdade de pedir para você, porque já sei o que ia querer. E juntas dissemos:
-Panquecas e uma xícara de café!
Sorrimos, a Ju era mesmo boa amiga já conhecia meus gostos, e eu os dela, ela era a minha gêmea eu costumava dizer já que a Jana era a mais nova, pensando na Jana me dei conta que precisava dar noticias pros ‘’papis’’, e faria isso ao voltar para casa.
-E então, sei que é cedo, mas e ai o que decidiu – Ju disse colocando um bom pedaço de panqueca na boca.
-Ju tenho medo, vou falar o que pra ele, e ai Lê, vamos namorar?
-Seria um começo!
-Você só pode estar brincando não é assim que a coisas funciona Ju.
-Ué, teria que começar de alguma forma, porque você não deixa as coisas fluírem, sem compromisso, pra ver onde vai dar.
-Tenho medo, agora que consegui acertar tudo dentro de mim, colocar tudo a perder, e se ele ver que tipo não me ama mais tanto assim e ir embora?
-Lice....e se.....e se....lembra? E se... não existe! Você esta mais madura, e acho que é até um jeito de continuar de prosseguir caso não dê certo, acho que será a deixa, o sinal, a finalização dessa historia.
-O que você faria?
-Lice eu não sei o que eu faria primeiro porque eu nunca tive um amor assim como vocês, segundo porque eu não to a fim de me amarrar em ninguém, mas eu no seu lugar sabendo de tudo que sei de tudo que você já me falou, dessa coisa de romance que vocês tinham e que amiga, me desculpa, mas parece mais coisa de livro que qualquer outra coisa.....eu no seu lugar daria uma chance, para ele e para você!
Fui mastigando e engolindo meio que sem sentir o gosto, só estava no automático, pensando sobre aquilo tudo.

NA VISÃO DO ALESSANDRO PARTE IV

Ao sair do Banho fiquei surpreso ao me deparar com uma mensagem da Lice, antes de por roupa abri e li, era sobre os óculos, minha cabeça já é nas nuvens, agora perto dela, então nem se fala.
Respondi mas fiquei feliz por ela ter escrito o e-mail. E espero que ela tenha gostado da  resposta, na verdade eu fiquei na espera de um outro e-mail que não veio.
Deitei-me, e pensei que a espera não seria fácil, mas eu esperaria mesmo assim, e que eu não iria buscar os óculos, quem sabe isso incentivasse ela a me ligar novamente, eu nem deveria ter dito que tinha outros dois aqui, mas enfim, o certo era fazer o certo, falar a verdade.
Comecei a me sentir estranho e me dei conta que era porque eu não estava na casa dela, deitado na cama dela, nos lençóis dela, sentindo o cheiro dela.

(PARTE VIII)

Depois do café , e um bate papo longo com a Ju, cada uma voltou para sua casa, ela ia ao cabeleireiro, mas eu decidi voltar para casa, desfazer minha mala, e estava ansiosa por saber se o Lê tinha ido buscar os óculos.
Ele não foi buscar, peguei e subi de volta com os óculos, no fundo achei bom ele não ter ido, eu deveria ter deixado, mas  eu queria que caso ele fosse que tivesse que pegar comigo.
Liguei para meus pais, dei noticias e para eles é como se meu roteiro de férias estivesse de pé, mas não, os demais passeios pelas cidades mais próximas ficaram em espera até eu conseguir resolver tudo, Jana tinha ido para praia com namorado, deixou recado que me ligaria quando voltasse, na terça ou quarta da outra semana.
Arrumei minha mala, separei as lembranças, e ao levar as roupa suja para área de serviço dei uma paradinha na porta do quarto de hospedes e dei uma espiada, como me certificando de que ele não estava ali, pelo menos não de corpo presente.
Então, depois de colocar umas roupas na maquina, decidi que era hora de ligar.
-Alô
-Oi Lê!
-Oi Lice...nossa nem acredito que você esta me ligando!
-Não é uma boa hora?
-Claro que é, mas eu tinha receio de que sua ligação demorasse mais para acontecer.
-Na verdade Lê, não há muita coisa mais para ser dita, então decidi que, se temos que voltar a nos conhecer novamente, falar um pouco sobre nós, ao contrario do que você me disse há muita coisa que mudou em mim, e tenho certeza que há muito que mudou em você, é um processo natural entre duas pessoas, afinal você não tem mais dezenove e eu dezessete anos.
-Claro você tem toda razão, eu concordo, eu...eu nem sei o que dizer, eu estou tão feliz e animado com essa possibilidade.
-Certo o que você sugere?
-Bem já que é para começarmos a nos conhecer novamente que tal um encontro, tipo um almoço, lanche da tarde, um jantar de novo o que me diz?
-Acho ótimo, um almoço....hoje?
-Seria muito bom se sim, se puder ser hoje, mas pode ser quando você puder.
A animação na voz dele era notável.
-Certo, hoje então! Te pego ai, daqui uma hora pode ser, tem um restaurante bem bacana nessa região.
-Mal posso esperar Lice, alias já to aqui esperando.
-Ta.... Até já então
-Até
No caminho, fiquei tentando imaginar esse almoço, e essa situação de nos conhecermos de novo, e mesmo conhecendo ele, para mim era como se realmente fosse um primeiro encontro com alguém novo, porém com uma emoção já conhecida.
Na recepção do hotel aguardei que ele descesse, assim que o vi sorri, sorri de alegria, não importava o que fosse acontecer, pensei que eu faria de tudo para manter no mínimo a amizade dele, que foi assim que tudo começou, mesmo a dez anos atrás, com a amizade.
Ele veio até mim me beijou no rosto e disse:
-Estou a sua disposição, pode me levar onde você quiser.
-Então vamos lá, esta com fome?
-Sim estou um pouco.
Quando entramos no carro, ele começou:
-Você não imagina o quão feliz estou me sentindo, e preciso que você me fale como esta sentindo, não há como adivinhar se você não me disser ok.
-Ok, mas fique tranquilo, isso eu não mudei você vai conseguir ver estampado na minha cara se algo não... Digamos’’cair bem’’
-Ok, e posso perguntar onde você esta me levando?
-Tem um restaurante aqui perto, que gosto muito, fica perto do escritório onde trabalho, a empresa fica mais afastada da região central, mas por facilidade a dois anos o escritório da parte administrativa funciona naquele prédio ali esta vendo – apontei para o prédio espelhado a uns dois quarteirões de distancia, mas possível de se ver pela altura.
-Sim estou vendo, me fale mais sobre você!
-O que mais você quer saber? Perguntei enquanto descemos do carro
-Quero saber tudo o que não sei tudo o que você quiser me contar!
Ele pegou minhas mãos enquanto entravamos no restaurante, escolhemos um lugar mais afastado, nos sentamos, pegamos o cardápio e fizemos nosso pedido e solicitei um suco.
-Achei que gostaria de dividir um vinho! Ele disse me olhando.
-Estou dirigindo esqueceu? Mas nada impede que você tome um já que esta de motorista certo?
Nós rimos, o clima estava descontraído, leve, gostoso.
-Melhor não! Vou te fazer companhia! E virando para o garçom pediu um suco de laranja.
Voltando para mim, me disse:
-E ai, me fale de você!
-Bem eu fiz faculdade de comércio exterior e trabalho nessa área desde a época do estagio na mesma empresa, e desde então me dedico a ser boa profissional, e acho que tenha conseguido embora eu tenha um chefe muito ‘’mala’’
-Bem deduzo que ter um chefe ‘’mala’’ não deva ser coisa boa!
-É de fato não é, mas tiro de letra, porque não é um problema pessoal meu com ele, e sim com departamento, mas isso esta com os  meses contado já que me parece que ele vai se aposentar.Fiz este comentário com certa alegria.
-E o que mais?
-Não há muito mais o que contar é isso, não tem mais nenhuma novidade, a não ser as que você já sabe, moro sozinha, trabalho, enfim nada demais, minha vida não tem muitas aventuras, e você, me conta um pouco como foi esses anos todos morando fora.
-Bem me formei em construção civil, arrumei um emprego na área, e vivi os últimos 5 anos depois de formado morando cada ano em uma cidade ou estado diferente, tenho uma sociedade com uma empreiteira, somos seis sócios, ninguém ainda esta milionário, mas esta dando pra viver, eu morei em Los Angeles, em Boston,em Miami, Orlando,Tampa e minha ultima morada esta em Nova York, não me casei - neste momento ele me olhou e sorriu, prosseguiu – e também conheci alguns outros países  em férias.Bem é isso, nada demais.
-Estive em Los Angeles, e em Miami e Orlando de férias, quase que nos cruzamos por la .
-Bem se isso tivesse acontecido, o hoje não estaria acontecendo, não dessa forma.
-É verdade! Mas ainda há uma possibilidade de nos cruzarmos por la já que minha programação para o réveillon este ano é Nova York.
Ele começou a rir e disse:
-Imagina a cena, eu tentando achar noticia de você, no facebook alheio, ai me deparo com uma foto sua, passando o réveillon em Nova York, eu iria surtar!
-Seria no mínimo engraçado!
-De qualquer forma a sua programação não precisa mudar, agora já tem onde se hospedar.
-É cedo para certas coisas, um passo de cada vez.
-Ok um passo de cada vez, como vai seus pais?
-Bem do mesmo jeito, minha mãe quase enlouquece meu pai, e eles juntos enlouquecem a Jana, você se lembra da minha irmã mais nova?
-Sim claro, me lembro.
-E seus pais como vão?
-Bem, eles sabem que eu vinha para o Brasil, mas eu ainda não disse que estou aqui!
-Entendo! Para lhe falar a verdade, minha mãe encontrou com a sua outro dia, e sua mãe já havia contado que você estava vindo.
-Nossa então quase que minha surpresa vai por água abaixo!
-Sim quase, se sua mãe soubesse de seus planos e tivesse contado para a minha com certeza!
Nossos pedidos chegaram, e ficamos la enquanto comíamos, naquela coisa de falar sobre nossas vidas particulares, e foi bom poder compartilhar com ele um pouco sobre mim, minha vida, e poder ter o mesmo dele.
Ao finalizar a refeição ele queria pagar a conta, mas não deixei, disse que era minha vez, já que o primeiro jantar foi ele quem me ofereceu, e que hoje em dia não tinha nada dessa coisa do homem pagar a conta, que podíamos dividir, muito a contra gosto, ele me permitiu pagar, mas vi que foi mais para que eu não fosse contrariada do que qualquer outra coisa.
Chamei-o para irmos a um parque que tinha ali, também por perto, sentamos, em uma mesa, que muitos idosos usavam mais tarde para jogar cartas, ou jogos de tabuleiro. Ele sentou de frente de mim, pegou minhas mãos dizendo:
-Estou tão feliz por estar aqui com você, por ver como você esta, e ver essa pessoa doce que você é, e chego a conclusão que só pode ser uma benção dos céus o fato de você estar sozinha até hoje!Nunca apareceu ninguém Lice? Por quem você tenha sentido algo a ponto de querer manter um relacionamento?
Eu fique tensa, eu fiquei nervosa nesse momento, mas não era momento para desculpas, e nem meso mentiras, tínhamos de prosseguir, e eu não sabia ser outra coisa senão sincera:
-Eu tentei, algumas vezes nesses anos, conheci uns caras legais, pessoas que eu sei que gostaram de mim, e que eu até tive bastante carinho, confesso que de alguns após o fim do relacionamento eu até senti falta, mas eu nunca amei de verdade nenhum deles, todos meus relacionamentos nunca duraram muito, o mais longo que tive foi exatamente 3 meses e 5 dias!
-Você pensava em mim Lice?
-No começo obvio, depois aprendi a lidar, eu precisava bloquear você na minha mente, e eu consegui fazer isso, depois aprendi a pensar menos, e depois você passou a ser algo tão distante, que na verdade eu não pensava muito, não mais.
-Eu entendo, eu só estou tentando saber como foi para você, porque eu nunca quis te magoar.
-Você acha que se tivéssemos mantido um relacionamento a distancia como você propôs na ocasião teria dado certo?
-Acho que não!
-É eu nunca achei que daria, por isso não topei!
-Olha só, eu não acredito! Ele disse apontando para um sorveteiro que vinha passando – Isso ainda existe?
-Sim existe! Achei muito engraçado a forma como ele ficou feliz em ver um simples sorveteiro, ele parecia uma criança, e em um impulso ele foi até o sorveteiro e voltou com dois picolés na mão:
-Morango?
-Sim! Eu disse pegando o picolé que ele me estendeu.
-Viu ainda lembro-me de alguns de seus gostos!
-É eu vi.
Ficamos ali por alguns instantes degustando nosso picolé, entre olhares, e de repente ele me olhou, com um sorriso tão lindo que eu fui obrigada a perguntar:
-O que foi? Estou com a boca lambuzada? Fui dizendo e esfregando a mão a fim de limpar algum resquício de sorvete.
-Você é tão linda!
Fiquei ali ruborizada com certeza, sorri de volta e disse:
-Como diria minha irmã Jana, você também esta um gatão!
Caímos na risada, e foi mágico o beijo que aconteceu em seguida, não tinha pressa, mas tinha urgência, sentir aquele doce da boca dele, me lembrar de como era, e então me transportei para 10 anos atrás, nosso ultimo beijo, em frente de casa, e ali naquele beijo perdida naquele momento, eu usei todas minhas forças e disse a mim mesmo mentalmente:’’não importa o que ficou, o que importa é o agora’’.
E assim como se já soubéssemos o que outro queria, quando dei por mim estávamos entrando em casa:
-Seja bem vindo!
-Obrigado de novo!
-Senta, fica a vontade, você quer uma água?
-Aceito- ele me respondeu com um olhar indecifrável.
E então enquanto eu pegava os copos no armário, senti-o me abraçando por trás, e em seguida um beijo quente, e então como seu eu fosse uma pena me colocou sentada em cima da pia, e por ali ficamos nos beijando como  adolescentes que começam a se beijar pela primeira vez, e só ai senti que um calor percorria minha espinha toda e um frio na barriga me alertou que seria melhor parar, ali naquele momento.
Delicadamente o empurrei finalizando aquele beijo ardente, o olhei, e tinha certeza de que estava vermelha, feito pimenta, porque eu sentia o calor que emanava das minhas bochechas:
-Lê acho melhor a gente ir com calma, me desculpe.....eu
-Não tem nada que me pedir desculpa, mas é que a saudade desse beijo estava me consumindo, e eu....eu te quero tanto.
-Eu ainda não estou pronta para isso.
-Para o beijo? Ele me perguntou com olhar duvidoso.
-Não, para o que poderia acontecer se continuássemos nos beijando dessa forma.
Com um sorriso muito malicioso, ele me perguntou:
-E o que você acha que poderia acontecer?
-O que nunca aconteceu comigo! Eu falei firme olhando bem nos olhos dele.
E então ele se afastou e foi indecifrável dizer o que ele estava pensando, ou sentindo, ele ficou me olhando, ai deu uma viradinha no pescoço, meio que me olhando de lado, como se isso pudesse fazer ele me ver de outro ângulo, ai ele sorriu, um sorriso sincero, depois teve um ar de malicia, e eu fiquei ali quieta sentada na pia esperando ele absorver e chegar as conclusões dele, e então ele disse com ar travesso e confuso:
-Lice você quer dizer que....que
-Afinal de contas- eu comecei interrompendo –o -porque você acha que meus namoricos depois de você nunca foi tão longe? Embora tenha a questão de valores familiares as quais eu sempre prezei, mas há outros fatores também
-Lice eu não posso acreditar que você ainda seja virgem!- ele falou com certo ar de riso.
-Bem se isso é uma decepção para você, eu sinto muito, mas você se esqueceu que quando namorávamos depois que as coisas começaram a esquentar entre nós fizemos um trato?
-Eu me lembro do trato-ele começou com certo saudosismo- que somente iríamos até o fim depois que você ingressasse na faculdade também!
-Pois então, você foi embora algum tempo antes disso.
-Lice eu não posso acreditar, isso sim é surreal.
-Não acho – respondi descendo da pia, indo para sala seguida por ele.
Sentei e continuei:
-Afinal você acha que nenhum namoro meu deu certo só porque não havia amor? Da minha parte pelo menos, não, não foi por isso, foi porque eu nunca consegui ir até o fim, e nenhum homem com mais de ....sei la 18/20 anos consegue se contentar somente com  alguns beijos e possíveis ‘’amassos’’ mais quente. Por outro lado se eu nunca senti nada de amor por nenhum deles como eu poderia me entregar para algum deles?
Ele ficou me olhando, sério, eu diria que até um pouco perplexo, a situação era estranha admito, mas eu convivia tão bem com minha condição de moça virgem, que para mim isso era indiferente, era uma coisa na qual eu nunca havia parado para pensar.
-Lice, eu não sei o que dizer, não sei se devo falar que lindo, ou sei lá, de tudo que esperei ouvir de você, juro que isso não é nem de perto próximo.
-É por tentar evitar esse tipo de ‘’choque’’ nas pessoas que sempre deixo a minha virgindade escondida- respondi com ar de sorriso, para que ele visse que eu não me incomodava com aquilo, e que estava tudo bem, afinal é uma coisa difícil para os tempos atuais mas isso não quer dizer que eu seja um bicho de sete cabeças.
-Ta você tem razão.... Tem algo mais que eu deva saber tipo se você lê pensamentos, ou os escuta?-Perguntou ele com aquele sorriso lindo de novo para mim.
-Não, isso não! Respondi no mesmo tom de brincadeira e com meu melhor sorriso estampado.
E então ele se aproximou de mim de novo, e me atacou com novo beijo, alias muito novos beijos, e me dei conta de que havia anos, que eu não beijava tanto assim, mas foi só isso beijos e nada mais.
Depois de beliscarmos uns Paes com leite em casa o levei de volta ao hotel, ele não queria, disse que pegaria um taxi, mas fiz questão porque eu disse que precisava passar na casa da Julia depois de deixa-lo e era caminho.

NA VISÃO DE ALESSANDRO V

Quando o telefone ligou uma hora antes do horário do almoço e vi que era Lice, fui pego por uma alegria sem tamanho. O convite para almoço então foi surpreendente, fiquei mais feliz por ver que ela estava nos dando uma chance, mas não como uma segunda chance, mas como a primeira.
O jeito dela descomplicado, tranquila, foi o que sempre mais me atraiu, por outro lado, na época não foi suficiente, mas hoje eu sei que me bastaria, eu era mesmo sortudo de certa forma, pelo fato dela estar sozinha, solteira.
O almoço foi delicioso, o papo, tão natural, e eu já não percebi a tensão nela de sempre, vi ali uma Lice mais a vontade.
O sorvete no parque foi fabuloso, eu achei que não existiam mais por aqui, mas o momento crucial pelo qual esperei, foi o beijo, o beijo dela, o beijo pelo qual senti muita saudade, o beijo pelo qual esperei, esperei anos.
Agora eu não podia contar com revelação do dia, a virgindade dela, eu sou homem, então ao quanto de machismo me cabe posso dizer, isso não parecia real, mas vindo dela eu sabia que era verdade, porque uma, a Lice não era de mentir, e duas mesmo se fosse ela não mentiria sobre isso.
Senti-me feliz, e pensei com perdão da expressão ‘’puta que pariu’’ isso é muita sorte, claro que fui precipitado em dizer, pois o fato dela ser virgem não significa que vá perder comigo, e não foi por isso que acho que sou um cara de sorte, na verdade também ,um pouco, vá la confesso, mas por que sei que realmente o que combinamos há anos tinha importância, e sei la me senti como se ali naquela entrega, daquele segredo que haveria sim uma possibilidade de acontecer comigo, e ai pude ver que há algumas coisas que podemos começar, e outras vamos recomeçar de onde paramos.
Por outro lado confesso também, me sentir inseguro, quero deixa-la tranquila quanto a isso, fazer com que ela veja que ok, se preciso for mais um tempo, mas eu a queria tanto, seria difícil lidar com todas essas coisas, mas para quem esperou tanto para beija-la, para fazer amor com ela, esperaria até um casamento.
E ai me dei conta de que pensei em casamento, já, assim tão depressa, sem mais nem menos, eu só precisava era conter minha loucura afim de não espantar ela de novo da minha vida.
Quando ela me deixou em casa, me senti o cara mais feliz da via láctea naquele momento, agradeci a Deus e a oportunidade e prometi a mim mesmo, que a faria feliz independente de qualquer coisa.

Não me contive me joguei na cama e fiquei ali pensando em nós dois.

Um comentário:

  1. Momentos a dois...com alegrias e inseguranças...mas que sejam sempre gostosos!!! Bj

    ResponderExcluir

Seja bem vinda(o)!!!! Feliz pela sua visita!!

Obrigada por me acompanharem!