Nos últimos tempos, o que mais tem acontecido com muitas pessoas, é a possibilidade de tempos de reflexão, isso foi algo muito positivo que veio com todo esse caos.
Com mais tempo disponível pra poder pensar na vida lembrar de coisas do nosso passado que nos traz calma, luz e vida, rememorar momentos e pessoas, pensar nas atitudes que algumas pessoas que foram importantes na minha vida,teria diante desse acontecimento todo, me faz ter mais consciência de muitas coisas e sentir saudades imensas de te-las aqui perto.
Na verdade uma pessoa em especifico me faz falta, nesse momento, mas de qualquer forma sou grata por nesses tempos atuais ela não estar mais aqui para ver isso, falo da minha vó, aquela que por anos foi meu porto seguro, que trouxe paz a seu modo muitas vezes na minha vida, onde nem de longe sonhei eu passar e ver o mundo passar por tudo isso.
Conversando com uma amiga mais cedo ela me disse que tem voltado muito pra dentro dela mesmo também, rememorando algumas situações, e percebi que nessa caminhada seguia eu também ao meu modo, e então meu filho veio ate aqui e me deu balas, balas de iogurte, elas eram a preferidas de minha vó, coloquei uma boca, e confesso, não é o mesmo gosto que eu me lembrava, mas não foi difícil ela me trazer a tona muitas das conversas que minha vó tinha comigo.
Embora ela nunca tenha frequentado a escola, por ignorância de seus pais na época, ela tinha uma sabedoria que muitas pessoas adquiriam, porque o maior conhecimento vinham das rodas de conversas com os mais velhos, os mais sábios.
Minha vó falava pra mim que o mundo um dia ia acabar, mas não seria em água, porque isso ja havia acontecido uma vez, e me falava sobre a arca de Noé, ela contava muitas coisas, estorias ou historias??
Como saber?
Mas o fato é que ela não mostrava nem um abalo na voz, ela me contava como algo certo, ela gostava de falar sobre coisas que ja haviam acontecido, o que sua memoria permitia, e também gostava de contar coisas do futuro, coisas que ela ouvia, e tinha como certas, porque ela ouvia da boca de mais velhos.
Me lembrei então que uma vez ela me contou que antes do mundo acabar, muitas coisas iriam acontecer, que o homem iria ver coisas que ele nunca tinha sonhado, que haveria mais fome no mundo do que ja existia naquela época, porque muitas das coisas que tínhamos disponíveis que era providenciado pela própria natureza, um dia não existiria mais, me lembro dela dizendo assim: ''um dia em algum lugar um menino vai achar um grão de milho, vai olhar pro pai e perguntar o que é aquilo, o pai vai responder que é milho, que aquilo era pra comer, mas que não existia mais'', confesso que na época eu achava muito drama,mas vendo hoje, não sei se isso poderá se tornar real algum dia, mas não vejo dificuldade alguma nisso.
Ela me contou também, que um dia, ia acontecer algo muito ruim com o mundo, e quem estava fora não poderia entrar, e quem estava dentro não poderia sair....eu era criança, não entendia muito bem, as coisas, mas eu gostava de ouvir ela falar sobre as coisas da vida, nesse conto eu identifiquei o nosso hoje, e pude ver ela sentada me dizendo essas coisas, eu pude me ver criança ali com ela sentada enquanto ela contava o que costumava chamar de ''causos''.
E aqui estamos, sem poder sair e nem abrir para que possam entrar, mas a saudade acha vãos, lacunas, elas não entram, elas invadem....
