Loucuras da Vida (Parte VI)
Desembarcamos sem nenhum problema, o voo pareceu durar uma
eternidade, mas isso eu sabia que era devido a minha ansiedade, eu não sabia o
que esperar, mas eu queria chegar logo, vê-lo de novo.
No caminho a Julia me perguntou:
-E ai preparada?
-Preparada e gelada! É tão estranho, mas confesso estou
ansiosa, desde ontem já não dormi bem, quero vê-lo de novo, dessa vez com mais
calma, sabendo que quem vai me abrir a porta é ele....isso também é estranho.
Sorrimos uma pra outra.
-Então ta, mas fique atenta no celular que eu vou te ligar é
claro, mantenha a calma e caso as coisas não saiam bem como você imagina, só me
ligar que te salvo!
-Ta bem.
Ao responder vi que ela estava parando em frente do prédio.
-Pronta amiga?
-Estou, obrigada Ju, você é e foi uma amiga ‘’the best’’
nesses últimos dias como não há outra igual, não sei o que seria de mim sem
você! E me desculpe se estraguei alguma coisa, porque eu não sei se fui boa
companheira de viagem desta vez.
-Que isso Lice, foi ótima companhia, e eu seguro sua peteca,
porque você segura as minhas, você também é uma amiga e tanto, já sabe né
qualquer coisa só gritar.
-Ta bem, eu grito se precisar.
Dei um beijo, e disse que ela não precisava descer para me
ajudar com a mala.
Parei em frente a portaria, respirei fundo, abri o portão e
entrei, cumprimentei o senhor Antonio, que me fez algumas perguntas, e elogiou
a educação do meu hospede, eu pedi para ele interfonar, ele achou estranho, mas
fez, achei de melhor tom, avisar que eu estava subindo mesmo a casa sendo minha
eu não queria nenhuma surpresa extra.
No elevador fui sentindo o rosto esquentando, esfriando, o
coração acelerando, e como no dia em que sai, hoje eu também sabia que não
tinha volta era melhor resolver isso.
Assim que a porta do elevador se abriu e eu sai, dei de cara
o Lê na porta, ali me esperando com aquele sorriso, aquele sorriso que eu me
lembrava tão bem.
-Oi seja bem vinda à sua casa!
Disse ele vindo pegar minha mala
-A....ok, obrigada! Nossa isso é tão estranho!
-É mesmo, mas vem, entra!
Ele me deu espaço para que eu entrasse primeiro, e ao
colocar os pés porta adentro, fui pega por um aroma delicioso, do que parecia
ser carne assada, e isso me fez ver que eu estava com fome, e ao ir entrando vi
uma mesa linda com uma orquídea e velas.
Não soube de novo o que pensar, olhei para ele que estava
entrando puxando minha mala e fechando a porta .
-Espero que esteja com fome, e que não se incomode por eu
ter fuçado nos seus armários e pego sua louça!
-Quanto a louça ok, é para ser usada mesmo, mas não precisava
se incomodar com o jantar, podíamos pedir uma pizza.
-É que eu comi muita pizza, e achei que essa era uma
oportunidade excelente para comer algo diferente!
Nós rimos, eu dei mais uma olhada em volta e ele me disse:
-Mantive tudo conforme você deixou, não queria que sentisse
como se eu estivesse invadindo sua privacidade.
-Não é isso, é que é estranho, fique tranquilo, é a primeira
vez que loquei meu apartamento, então é só... é só estranho!
-Ok, olha eu estou quase terminando o jantar, então fica a
vontade a casa é sua literalmente né!
-Ta, eu vou tomar um banho, fique a vontade também-eu disse
meio que sem saber o que dizer.
-Eu vou tentar- ele sorriu.
Eu sorri de volta, peguei minha mala, me dirigi para meu
quarto, e só ai me dei conta, de que ele estava trancado, comecei a procurar a chave na minha bolsa, e
meio assim de canto de olho tentei espiar e vi ele mexendo com algumas coisas
na cozinha, muito a vontade.
Abri, entrei, fechei a porta, e inconsciente ou não a
tranquei por dentro.
Abri minha mala, comecei a tirar as coisas de dentro, e
pensei, a quem eu estava tentando enganar, eu estava louca pra ir la para sala e ficar com ele, que eu teria mais 10 dias pra
desfazer a mala, mas o que eu precisava agora era desfazer as confusões do meu
passado.
Tomei um banho longo, eu adoro viajar, mas voltar para casa
é muito bom, desta vez estava ainda melhor, diferentemente melhor, coloquei um
vestido branco, passei meu perfume, amarrei meus cabelos em rabo de cavalo,
destranquei a porta, sai.
O Lê se levantou trouxe até mim uma taça, que me entregou e
então com a outra mão serviu o vinho me dizendo:
-Você esta muito bonita, e bronzeada!
-Não tem como voltar diferente de Salvador né.
-Acho que não!
Sentei-me, e ele se sentou no puf, na minha frente e me
disse:
-Eu repuz os queijos e frios, então se você quiser beliscar
algo antes do jantar.
-Não obrigado! Para
mim só vinho esta bom, e não precisava repor tudo, o que tinha aqui era para
seu consumo mesmo, na verdade era para o consumo do gringo - falei entre
sorrisos.
-Na verdade, estou meio gringo já que morei la por um tempo
– senti que ele tocou no assunto com imenso cuidado, como quem pisa em ovos.
Tentei levar na descontração e respondi:
-Você tem razão morando tanto tempo fora, deve ter pego
hábitos, mas acredito que como todo bom brasileiro há outros dos quais você não
consegue se libertar.
-É você tem toda razão... Ainda faltam uns 15 minutos para a
carne ficar pronta tem certeza que não quer algo para beliscar?
-Ok, mas deixe-me mover-me dentro de minha casa,
preciso voltar ao meu ambiente certo? E
deixar de ser visita.
Ele acenou com a cabeça, fui até cozinha e em cima da pia já
estava pronta uma pequena tabua de frios, muito bem arrumadinha e com uma
variedade considerável.
Peguei e levei ate a mesinha da sala, e fiz um sinal como
quem diz sirva-se, ele não pestanejou pegou um bocadinho e levou a boca, eu fiz
o mesmo, senti que o vinho já estava fazendo aquele efeito, me deixando meio
mole, e que de fato beliscar algo até o jantar seria algo certo a se fazer, ele
quebrou o silencio dizendo:
-Eu tenho tanta coisa para te explicar, e não sei por onde
começar.
-Que tal pelo começo? – Eu propus, com um sorriso.
-Bem vamos la então... Lice, la traz, há dez anos, o rumo de
nossas vidas foi afastado, não por culpa sua, mas por culpa minha, eu era jovem
você também, começamos a namorar cedo,
eu te amava, mas precisava viver novas coisas, e permitir isso a você, e não
havia outro modo, e eu não queria perder a oportunidade, e também não queria
perder você, eu pensei mil vezes em não ir e desistir, mas fiquei com um medo
tremendo de me arrepender por ficar, estava incerto de muitas coisas, e acho
que você também – Ele fez uma pausa, me olhou, eu continuei muda, beliscando,
bebericando meu vinho, e isso foi o sinal de que ele podia continuar, que eu era ‘’todo
ouvidos’’, e ele continuou – Quando cheguei na sua casa, no outro sábado e você
não estava, foi como se o sinal que eu precisava tivesse sido dado, eu percebi
naquele momento que eu precisava prosseguir, porque foi exatamente o que fiz,
eu sofri, meu mundo caiu, mas eu precisava continuar, e foi o que fiz, e foi o
que você fez certo?
Apenas assenti com a cabeça positivamente. E ele continuou:
- Mas desde o dia em que eu entrei no avião, você seguiu
comigo aqui – ele apontou o coração - e nunca mais saiu, não houve um só dia em
que eu não tenha pensado em você, eu juro! Não que eu não tenha me relacionado,
eu me relacionei, eu tentei, porque essa distancia, que ia além dos quilômetros
que separam os países em que estávamos, havia a distancia entre nossos corações, essa
distancia me matava, eu me sentia só, e eu queria seguir, eu queria ter o ponto
final, e cada relacionamento que tive, eu confesso, nunca chegou nem perto do
que tivemos, mesmo sendo tão jovens, naquela época fomos abençoados, com o amor
de verdade, que tem muita gente que passa a vida inteira atrás e não acha!
Eu continuei ali, parada, absorvendo tudo que ele foi
dizendo, vendo o que encaixava, e ai a carne ficou ainda mais cheirosa e ele
disse:
-A carne parece estar no ponto, me dê licença, vou finalizar nosso jantar para
que possamos finalizar nossa conversa tudo bem, e desta vez você será visita na
sua própria casa.
Sorri, assenti, e esperei. Alguns minutos depois, ele colocou
na mesa dois pratos preparados com uma massa com um molho verde cheiroso, e um
corte de carne que parecia suculento.
Puxou minha cadeira me sentei, ele se sentou dizendo:
-Espero que você ainda goste de carne!
-Sim ainda gosto! E parece estar tudo muito gostoso, ou é o
apetite aberto pelo vinho!
Não pensei em mais nada, peguei um bocado da massa e levando
a boca me surpreendi com o sabor, estava muito bom, e a carne no ponto em todos
os aspectos, fui obrigada a dizer:
-Bem pelo visto entre outras coisas morar fora lhe ensinou a
cozinhar
-Morar sozinho tem suas positividades - ele disse sorrindo e
prosseguiu - posso continuar?
-Claro! Espero que você entenda meu silêncio como uma forma
de respeito, mas pretendo me pronunciar quando eu achar que devo.
-Ok – com um semblante mais calmo do que no inicio de nossa
conversa ele continuou – Depois de tantos anos, pude perceber que não adiantava
eu prosseguir, sendo que havia aqui algo inacabado, inacabado por muitos
motivos, e a pelo menos uns três anos, eu vinha ensaiando uma forma de voltar,
para arrumar tudo isso, se é que há alguma possibilidade, mas eu só queria pelo
menos tentar, fazer certo desta vez!
Foi então a minha vez:
-Mas isso não tem sentido Lê, já se passaram tantos anos,
você fez sua vida por la com certeza, era só esperar, que talvez a pessoa certa
fosse parecer, e você também não sabe se tem alguém, que sentido tem largar
tudo o que você deve ter construído para vir atrás de algo tão incerto?
-Lice, eu larguei o que tínhamos aqui, e nunca mais achei
nada igual, então para mim pareceu mais vantajoso tentar pelo menos acertar
isso, do que buscar algo para o qual eu não estou aberto, porque eu nunca te
esqueci!
-Ta mas mesmo assim você decidiu se arriscar, e se eu tiver
alguém, e se eu, sei lá fosse casada, tivesse uma família, você veio disposto a
estragar isso?
-Jamais, se eu soubesse que você tivesse reconstruído sua
vida nesses aspectos também, que estivesse com alguém, que estivesse lhe
fazendo feliz, que teria uma família, eu jamais voltaria, pelo contrário isso
seria para mim a prova de que eu precisava esquecer tudo, e prosseguir de onde
quer que eu estivesse, mas eu soube que assim como eu havia coisas em aberto
para você!
-Certo, e como você soube disso, que havia coisas em aberto
para mim?
-Na verdade, depois de tentar por alguns anos prosseguir sem
sucesso, eu comecei a procurar por alguma coisa sua nas redes sócias, e nunca
achei, até que um dia, fui me lembrando de em vez de procurar por você,
procurar por pessoas próximas a você, familiares, amigos, e então encontrei
algumas pessoas, você não tem nada nas redes sociais, mas pelo que achei também
nunca proibiu as pessoas de colocar uma ou outra foto com você no facebook por
exemplo.
Ele sorriu para mim, eu sorri de volta, finalizei meu prato,
ele o dele, ele nos serviu mais vinho, retirou os pratos, e sentou-se de novo.
-Você tem razão! Eu disse pensado naquilo tudo que eu
acabava de ouvir – Mas isso soa confuso!
-Eu sei, parece até uma coisa meio doentia, mas depois que
descobri essa forma de saber mais sobre você, foi ai que tive mais certeza do
que precisava fazer, então entrei em contato com algumas dessas pessoas,
conversei, na verdade eu procurei saber sobre sua vida, eu precisava de
respostas, mas eu teria que dar um jeito de tê-las, minha mãe não sabia onde
sua mãe estava morando, seus pais se mudaram pelo que parece um temo depois, e
ai eu tive que me virar, eu confesso que quando fiz minha primeira conta no
facebook, eu coloquei meu nome completo inteiro, porque eu pensei que se algum
dia você procurasse por mim seria fácil de me achar, mas quando o tempo passou
e eu não achei nada sobre você, eu percebi que isso não seria possível, meio
que perdi um pouco as esperanças, mas ai um dia eu fuçando achei uma foto sua,
e então começou minha busca.
-Nossa! Foi tudo o que saiu de minha boca.
-Eu não quero te assustar!-Ele disse receoso
-Você não esta me assustando, é só que me parece meio
surreal.
-Eu te entendo, esse seu pensamento, eu pensei muito em como
fazer, eu pensei até que só o fato de eu ter visto como você estava, que mulher
linda você se tornou já seria suficiente, mas não foi, a cada foto que eu via,
a cada novidade que eu conseguia, a cada noticia que eu tinha, reforçava ainda
mais a vontade de voltar.
-Certo Lê esse ponto até aqui eu entendi, eu só não entendi,
porque essa necessidade de voltar, o que você espera com isso?
-Lice, eu sei que não da para recomeçar de onde paramos, não
é lógico, não é certo, mas eu precisava te contar como eu me senti nesses anos
todos, precisava que você soubesse que eu nunca te esqueci, e que fiquei perdido,
não que não tenha valido a pena, eu cresci profissionalmente eu fiz uma
carreira eu fiquei bem sucedido, eu... eu precisava compensar com algo bom,
porque eu estava pagando um preço alto longe de você, e eu precisava que algo
valesse a pena, mas foi só o que consegui nesses dez anos, bem pessoal,
profissional, mas sentimental sou um ponto de interrogação, uma pagina em
branco.
-Certo, e o que você espera de mim?
-Lice eu não espero nada, na verdade, se você quiser que eu
vá embora agora mesmo eu vou, mas pelo menos, agora eu consegui te dizer como
me senti por esses anos, e como me sinto.Eu gostaria que de alguma forma nos
déssemos uma chance, para recomeçar, não de onde paramos, mas de onde estamos,
crescidos amadurecidos, mas não posso te forçar, se você não quiser eu vou
entender, ou pelo menos tentar.
-Eu.....eu não sei o que te falar Lê, estou confusa, eu
nunca imaginei um dia ter essa conversa, nunca imaginei te encontrar de novo.
-Lice, pois eu posso te dizer com todo meu coração se há uma
coisa que eu esperei muito nesses últimos anos foi essa conversa. Eu a
idealizei de muitas formas, mas nenhuma foi como esta sendo, e este encontro
não foi como eu também almejei a desculpa na locação, enfim tudo o que nos
trouxe até aqui e agora.
-Por falar nisso, me conte como soube que esse era meu
apartamento, me diga quem lhe passou todas as informações ao meu respeito, eu
não tenho facebook, ou outras contas em redes sociais, mas meus amigos e
parentes todos têm. Quem te ajudou com essa historia?
-Lice eu não quero dar nomes, na verdade esta foi das
condições para que eu chegasse até aqui,
mas posso adiantar a pessoa não fez por mal, pelo contrario, demorou muito para
que ela aceitasse me ajudar, me dar informações a seu respeito, foi muito tempo
de conversa, e acredite esta pessoa fez realmente pensando estar ajudando, a
nós dois.
-Nossa, nem acredito nisso, ainda essa agora, alguém de
comum acordo com você me enganou esse tempo todo, me sinto traída, duplamente!
-Não Lice! Não pense assim, não foi assim,acredite a pessoa
só quis ajudar duas pessoas a resolver algo que não ficou resolvido.
-Ta até ai ok, mas agora assim eu não poder saber quem é, me
sinto traída sim, porque pode ter sido qualquer pessoa, que sabia o que estava
acontecendo vendo eu fazer papel de tola.
-Lice você não fez papel de tola, por favor, não diga isso!
-Mas é assim que me sinto.
Pensei: ’’Meu Deus quem poderia ser?’’
Agora tinha mais essa, eu não sabia em quem poderia confiar
meus sentimentos, porque podia ser minha mãe, meu pai, a Jana, a Ju, e pensando
nessas pessoas fui ficando com raiva, confusa.
-Lice, sei que é muita coisa para você absorver, não há
muito mais que eu tenha par lhe falar a respeito, eu só precisava que você
soubesse que eu ainda a amo!
Eu só olhei para ele, e só então percebi a sinceridade que
ele mantinha no olhar, fazia muito tempo que eu não o olhava nos olhos como
daquela forma, mas eu conhecia aquele olhar e eu sabia que era verdade, mas eu
não sabia o que era verdade dentro de mim.
-Lê, eu preciso pensar sobre tudo isso, eu preciso....eu
preciso de um tempo, eu não sei o que fazer para te ser bem sincera!
-Eu sei Lice, eu estou disposto a esperar o tempo que for
necessário, se você quiser eu posso ir embora depois de organizar as coisas na
cozinha.
-Nossa, eu não havia pensado sobre isso, onde você ficaria
depois que eu voltasse...
-Não se reocupe comigo, eu já reservei um hotel, até eu
conseguir me ajeitar, eu imaginei que você gostaria de ter sua casa de volta, e
imaginei que você precisaria de tempo.
-Lê eu gostaria de me sentir a vontade a ponto de dizer para
você ficar, mas me desculpe eu acho melhor não, por outro lado, faço questão de
te ajudar com as coisas do jantar.
Ele assentiu com a cabeça, se levantou da mesa, e foi para a
cozinha me dando o espaço que eu precisava, fiquei ali sentada pensando em
tudo, em um turbilhão de emoções, completamente perdida, e então me levantei
fui até a cozinha e comecei a ajuda-lo, embora não havia muita coisa para
fazer, só mesmo lavar alguns utensílios, que ele já havia começado a lavar,
peguei um pano para secar e enquanto isso, resolvi quebrar o silencio.
-Tão estranho isso né, você lavando a louça e eu secando,
como bons e velhos amigos, alias eu acho que isso, a amizade permaneceu
inabalável mesmo sem nunca mais termos nos falado.
-Estranho é, mas para mim trata-se de um momento muito
prazeroso Lice, de certa forma estou feliz por estar aqui com você, nesse
momento, desse jeito.
-Obrigado pelo jantar e o vinho, as flores e as velas,
estava tudo lindo e a comida muito boa.
-Fiz tudo com muito amor Lice, é o mínimo.
Terminamos a organização alguns minutos depois, e então ele
secou as mãos virou para mim e disse:
-Acho melhor eu ir, vou ligar para um taxi, se você não se
incomodar.
-Não me incomodo, eu tenho um que sempre que chamo, gente
boa o telefone esta ai na geladeira.
Ele pegou o numero ligou para o taxista, desligou.
-Então é isso, eu gostaria de saber pelo menos se posso te
ligar amanhã, em algum momento, eu não quero te sufocar, mas gostaria de manter
contato com você.
-Deixe que eu te ligue quando me sentir melhor, quando eu
tiver algo para lhe dizer, pode ser?
-Claro sem problema, como ja te disse eu espero!
-Certo!
-Certo, então vou ao quarto buscar minha mala.
Vi ele indo pelo corredor, me lembrei do andar dele, e pensei:
’’o que vou fazer agora da minha vida?’’
O interfone tocou e era o taxista, fomos caminhando até a
porta, a abri.
- Lice, esses dias para mim na sua casa, foi um dos melhores
que tive nesses anos todos, porque foi a única forma de me manter perto de
você, vou ficar aguardando ansioso pela sua ligação. Vou estar no Ritz.
-Ta- foi tudo que consegui responder.
Ele se aproximou de mim, me puxou para um abraço que eu nem
pensei, apenas correspondi, e me senti tão bem, tão segura, e meu Deus como ele
é cheiroso!
Ele se afastou um pouco e fez menção de um beijo, mas eu o
empurrei delicadamente, um abraço ok, mas beijo ai já era demais, não que eu
não quisesse, mas não devia ser por impulso,
devia ser algo sincero e verdadeiro, não só da parte dele, mas da minha, e em
mim eu não sabia mais quais eram verdades.
Ele entendeu se afastou e seguiu, apertou o botão do
elevador e ficou de la olhando para mim, e eu olhando para ele, até que ele
sumiu quando o elevador chegou.
Fechei a porta, e encostada nela fui escorregando até chegar
ao chão. E eu pensei:
‘’Meu Deus e agora? O que vou fazer? Como lidar com isso?
Como lidar com meu medo? Minha insegurança? Meus sentimentos? Nem nos meus
melhores ou piores sonhos, imaginei algo assim acontecer ...e agora?’’
NA VISÃO DO ALESSANDRO PARTE III
Entrei no táxi e suava frio, eu não acreditava que até que
enfim, eu havia conseguido falar para ela tudo o que eu sentia, me senti leve e
feliz, por vê-la, e por tê-la de certa forma tão perto.
Abri meu coração, e senti que ela me entendeu, mas eu não
consegui decifrar o que ela sentia, ou que ela sentiu, ela estava tão linda
naquele vestido branco e foi quase impossível para mim me manter longe, me manter
um cavalheiro em uma situação, por muitos momentos, eu só pensava em abraça-la
e beija-la, que saudade eu tinha daquele beijo, daquele abraço, foi difícil
virar as costas e vir embora.
Mas eu sabia que precisava dar a ela um tempo, eu sabia que
estava tudo muito confuso, mas eu tinha uma esperança, só pelo brilho do olhar
dela, eu só precisava me manter paciente e esperar pelo momento oportuno.
Chegando ao hotel, já no quarto, me senti estranho, e vi que
era saudade, do canto dela, da casa dela, do cheiro dela, de novo a sensação de
estar muito longe, e agora um pouco pior, porque ao mesmo tempo, muito perto,
apenas alguns quilômetros e não milhares.
E por um instante, pensei na possibilidade dela ir embora,
sumir de novo, sem vestígios desta vez, mas ai me dei conta de que agora era
outra época, tínhamos outra cabeça, e que ela só me deixou primeiro, porque eu
a deixaria, mas hoje ela sabia que isso não iria acontecer, eu sei que ela sabe
que eu vim para ficar e só não ficarei caso ela não me queira.
Era preciso saber esperar agora, ansioso, mas eu teria de saber
esperar.
...continua...
bjucas soOonhadoras!
Quem já esperou tanto, pode esperar um pouco mais!
ResponderExcluirTorço para que se entendam. Finalmente!
beijo